Agora eu não tenho mais medo.
É simplesmente o inevitável cumprindo seu papel.
As lágrimas que escorrem, já eram esperadas. Os olhos inchados, olheiras e noites de sono perdidas, já vinham se apresentando há tempos.
O coração estilhaçado, já nada sente, tão anestesiado que está. Quebrou de novo. Grande novidade.
A dor de cabeça dói menos que a dor na alma. E mesmo assim, doem na medida programada, do modo que eu já sabia que ia doer.
A verdade é que a cabeça, o corpo, o coração e a alma já vêm trabalhando nisso faz tempo. A infraestrutura já estava preparada para um abalo sísmico.
Os danos estão dentro do que foi previsto.
É claro que neste processo, o coração é sempre quem reluta mais em aceitar as consequências. Mas uma hora ele para e analisa, e aceita, e se cura.
O sorriso amarelo já está preparado. Ensaiando sua melhor pose pra entrar em cena. Mas os olhos... Ah, os olhos...
Esses dois nunca colaboram. A luz que brilhava no fundo apagou. São opacos agora. E mesmo assim, só de olhar se pode enxergar toda a verdade neles.
Porque dói. Apesar de não ser surpresa, dói.
Apesar de estar preparado, dói.
Apesar da anestesia, dói.
Mas as lágrimas vão rolar porque é preciso esvaziar o coração para abrir espaço.
Os olhos vão encher-se d'água para ficarem limpos e poderem enxergar melhor.
As memórias... Pra essas não existe borracha, mas existe um arquivo, que uma hora será trancado lá no fundo, num lugar quase inacessível.
As noites de sono um dia vão voltar.
Pode parecer frieza, mas eu sei que não é.
É apenas o inevitável cumprindo seu papel. E eu apenas não tenho mais medo dele.
Depois de me lavar com minhas lágrimas, tudo de ruim se vai, e a primavera em mim voltará a florescer.
Tentei terminar o post com este vídeo, mas não carregou, então vai o link mesmo!!!