Agora me diz, valeu a pena? Aquelas preciosas horinhas de sono a mais pelas quais você tanto prezou, valeram a pena? O que você tava fazendo trancado no quarto enquanto uma vida passava diante dos seus olhos? E uma vida passou...
E você, o que tava fazendo? Cuidando da sua vidinha perfeita, onde tudo é lindo, tudo é maravilhoso e a dor dos outros não existe, não te toca. Desde que não bagunce a sua casinha de bonecas, tá tudo perfeito. E agora eu te pergunto: valeu a pena?
Como pôde não ter escutado o grito ensurdecedor do silêncio, que cortou quilômetros de distância e se fez ouvir ao longe? Como pôde ler e reler versos e versículos e não estender a mão a quem mais precisava da sua ajuda? De um incentivo? De amor.
Amor é tudo que resolve. Amor e aquilo que cura. O amor poderia ter indicado outro caminho. Com amor, as coisas poderiam ter sido diferentes.
Mas o amor passou longe nessa hora.
Existiam coisas mais importantes a serem feitas.
Depois eu vou.
Depois eu falo.
Agora não dá.
Era tudo fingimento.
Eu espero que exista algum tipo de amor que seja capaz de penetrar essa pedra dentro do teu peito.
Que seu travesseiro consiga suportar o peso da sua consciência.
Espero que tenha valido a pena. Sua casinha de bonecas agora ficará impecável.
Você agora vai poder dormir, sem nenhuma inconveniência para te atrapalhar.
Viva em paz nesse seu mundo perfeito.
Eu, por minha vez, prefiro continuar por aqui.
Ainda que eu falasse a língua dos homens
e falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.
É só o amor, é só o amor;
Que conhece o que é verdade;
O amor é bom, não quer o mal;
Não sente inveja ou se envaidece.
O amor é o fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
Ainda que eu falasse a língua dos homens
e falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É um não contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É um estar-se preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É um ter com quem nos mata a lealdade;
Tão contrario a si é o mesmo amor.
Estou acordado e todos dormem todos dormem, todos dormem;
Agora vejo em parte, mas então veremos face a face.
É só o amor, é só o amor;
Que conhece o que é verdade.
Ainda que eu falasse a língua dos homens
e falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria
e falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.
É só o amor, é só o amor;
Que conhece o que é verdade;
O amor é bom, não quer o mal;
Não sente inveja ou se envaidece.
O amor é o fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
Ainda que eu falasse a língua dos homens
e falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É um não contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É um estar-se preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É um ter com quem nos mata a lealdade;
Tão contrario a si é o mesmo amor.
Estou acordado e todos dormem todos dormem, todos dormem;
Agora vejo em parte, mas então veremos face a face.
É só o amor, é só o amor;
Que conhece o que é verdade.
Ainda que eu falasse a língua dos homens
e falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria
(Monte Castelo - Legião Urbana)