quinta-feira, 20 de março de 2014

ME ACORDE QUANDO SETEMBRO ACABAR




Cada noite me tira o sono por um motivo diferente.
Mas o motivo das últimas noites tem sido o mesmo.
Tá tudo desmoronando e eu realmente não sei o que fazer.
É um pedido de socorro desesperado e eu me sinto tão desarmada, tão vulnerável, eu não sei como lutar. Eu não possuo armas suficientes para entrar nessa guerra, eu não consigo nem ao menos enxergar a mínima possibilidade de vencer.
Como posso lutar com algo que é parte de mim?
Como ganhar disso sem destruir tudo ao redor, sem danificar ainda mais tudo que já está afetado, sem derrubar no chão e quebrar os cristais da estante?
Os soldados estão fraquejando. Alguns se entregaram, fundo demais.
As bases já não são mais sólidas e eu nem ao menos sei quando o posto de comandante me foi dado.
Não há trincheiras onde possamos nos proteger. As bombas vem de todos os lados e eu não consigo enxergar quem as atira. Há soldados guerreando entre si.
A nossa fortaleza está se desfazendo em uma pilha de destroços que cresce a cada dia.
Para onde eu olho há destruição.
Bate uma vontade desesperada de bater em retirada e abandonar o campo de batalha. Eu não quero essa guerra para mim. Eu não quero lutar, eu não quero brigar, eu não quero mais destruição.
São muitos os feridos, muitos os envolvidos e essa dor parece não ter fim.
Eu não consigo ver luz no fim deste túnel.
Eu não sei a quem recorrer, eu não sei como pedir ajuda.
Estamos acuados, acossados.
De onde tiro forças para reagir?
O que devo fazer para vencer?
Será que no meio disso tudo existe algum vencedor?
Ainda não enxergo a solução. Talvez pela falta de sono, talvez pelas lágrimas que embaçam minha visão.
Nada existe que possa ser feito. 
A menos que eu descubra a fórmula de uma bomba nuclear e exploda isso tudo de uma vez.
Ninguém perde. Ninguém vence.
E eu posso voltar a dormir.



quarta-feira, 12 de março de 2014

TIMIDEZ



Era fácil. O plano já estava todo armado em sua cabeça.
Ele estava online. Ótimo.
Agora era só abrir a janelinha, puxar um papinho casual, falar de amenidades e soltar a pergunta. 
Simples. Fácil. Rápido.
OK. -  Ela pensava. - OK. Só abra a janela, pergunte como vai, td bem, quer ir na festa comigo, sim, não, OK.
Abriu a janela. Falou de amenidades. Falou da faculdade. Da chuva que tomou de tarde. Da chuva que voltou a cair agora. Dos amigos em comum que estão dando uma festa.
Chegou no assunto festa.
Não perde a chance. - pensava. - É agora, joga no ar, em tom de brincadeira, quer ir comigo?
Os dedos no teclado.
Quer... apaga.
Você  vai... apaga.
Respira. Olha em volta, pensa.
Ele digita que esse tipo de festa é demais.
A chama se acende: Viu? É só perguntar agora.
Dedos a postos novamente.
Vem comigo... apaga.
Quer ir... apaga.
Bom, acho que vou assistir um filme. Boa noite. -  Digita.
Fecha a janela. Sai do Face.
Perde a chance.
Timidez.

sexta-feira, 7 de março de 2014

IDIOTA

Toda vez que remexo meus armários, inevitavelmente encontro algum resquício de você. Há sempre uma frase, um texto, seu nome rabiscado no cantinho de alguma página...
Encontro em minhas palavras o lindo sentimento que eu nutria por você. Eu reparava em cada pequeno gesto. Descrevia cada olhar, cada sorriso que você destinava a mim. Transcrevia cada palavra que você me dizia com a mais intensa emoção.
Quem pegar estes textos hoje e ler, pode me chamar de cega, de burra. Até mesmo dentro de mim existe uma parte dizendo: "Cara! Como você pôde ser tão idiota?
Mas depois de toda a bagagem que adquiri convivendo com você, eu me pergunto: "Do que exatamente eu devo ter vergonha?"
Eu era completamente apaixonada por você. Eu era capaz de fazer qualquer coisa por você. Eu preparava surpresas no teu aniversário e, ao contrário de você, te dava presentes realmente incríveis.
A gente formava uma dupla incrível. Juntos, éramos imbatíveis. Tínhamos nossas sacadas inteligentes, nossas conversas cabeças, nossa forma nerd de nos divertir, nossas piadas, nossos sorrisos, nossas brincadeiras, nossos olhares e aquelas coisas que só a gente entendia. 
A gente era quase perfeito. Éramos razão e emoção. A doçura e a força. O sonho e a realidade. As nuvens e a terra firme. A certeza e a intuição. A cabeça e o coração.
Eu acreditava em cada palavra que você dizia. Enquanto todos enxergavam aquela postura sisuda, eu enxerguei teu coração. Eu aturava todos os teus defeitos. Tua cabeça extremamente inteligente e lógica, que às vezes te impedia de enxergar e te fazia parecer mente fechada; tua arrogância embutida na postura de "Eu sou inteligente. Não duvide pois eu posso mais do que você"; tua ignorância absoluta nas questões do teu próprio coração; tua acidez e estupidez que resultavam muitas vezes em algumas pequenas feridas que eu fingia não me machucar.
Ninguém entendia porque eu te aturava. Você era chato para caramba!!!
O que ninguém sabia é que debaixo disso tudo tinha um coração ferido, pedindo cura, pedindo colo e eu te dei. Te dei remédio, te aqueci, te abracei, e te fiz reencontrar o coração que você achava que tinha perdido.
Eu te dei carinho, te dei abrigo, te dei meus braços, te dei meu ombro, te dei meu colo, o meu abraço, meus versos, minhas notes de sono, meu coração...
Eu te dei AMOR.
Agora me diga, depois de tudo isso, sou eu quem tem que ter vergonha? Sou eu quem tem que se esconder? Que tem que ter vergonha de olhar no espelho? Sou eu? Por quê? Por que amei?
Se você não souber a resposta, levanta e olha no espelho aí do lado da tua cama. Tenho certeza de que a resposta estará lá.