quarta-feira, 15 de maio de 2019

Por Enquanto


Fonte: Catraca Livre


Levantar da cama todos os dias, tem exigido um esforço enorme da minha parte. Conversar, interagir com as pessoas, tem sido uma coisa extremamente difícil. É como se não fosse natural para mim, fazer isso. Chega no final do dia estou exausta. Exausta por ter que fingir o tempo todo que tudo está bem, quando na verdade, meu mundo está em destroços que não param de desmoronar. Exausta por ter que ficar sorrindo , quando na verdade tudo o que eu quero é chorar. Chorar copiosamente até sentir que o coração tá limpo de novo. Mais leve. Chorar até sentir brotar um sorriso genuíno no meu rosto outra vez. exausta de ter que explicar para as pessoas que eu ainda preciso de mais tempo. 
Quem me vê assim sorrindo, não sabe as batalhas que eu travo dentro da minha cabeça, oscilando entre pensamentos bons e ruins; entre loucura e sanidade; entre consciência e delírio. Eu ainda preciso de tempo. Para curar as feridas. Ainda tá tudo aberto demais. Em carne viva. Sangrando. Se o tempo é o melhor remédio, então eu preciso aumentar a dose. Cinco meses é um bom tempo, mas ainda não é o suficiente. Talvez eu precise de dez. De vinte. De trinta. Quem sabe? Só sei que preciso de mais. 

Fonte:Kickante


Estou exausta de ter que cumprir essa obrigação de "seguir em frente", que é muito bonita na teoria, mas é completamente diferente na prática. Eu não consigo seguir em frente agora. Talvez amanhã. Mês que vem. Ano que vem. Mas agora não. Agora eu preciso de cura. Preciso de paz. De sossego. Preciso chorar. Dormir o dia todo. Preciso de um lambeijo bem dado dos meus cachorros. Preciso dos meus amigos. De um abraço bem apertado. Da minha família. Preciso me reencontrar. 
Estou exausta de tanta necessidade, de tanta contradição. Preciso de um botão de desligar. Uma borracha para apagar coisas que só eu vi, coisas que só eu sei e que não quero mais saber. Preciso de água para apagar a chama insistente da esperança que me faz desejar um milagre que nunca vai acontecer. Preciso de um coração novo, recomposto. De uma memória nova, resetada. para ter espaço de armazenamento para novos arquivos. Preciso jogar fora todo o lixo que ficou.
Quando eu tiver tudo isso, talvez eu já não fique mais tão exausta. Talvez eu já não pareça mais tão triste. Talvez eu pare de incomodar com meu estresse e amargura. E quem sabe, finalmente, eu siga em frente.
Mas por enquanto, não.