domingo, 27 de maio de 2012

ANESTESIA



Agora eu não tenho mais medo.
É simplesmente o inevitável cumprindo seu papel.
As lágrimas que escorrem, já eram esperadas. Os olhos inchados, olheiras e noites de sono perdidas, já vinham se apresentando há tempos.
O coração estilhaçado, já nada sente, tão anestesiado que está. Quebrou de novo. Grande novidade.

A dor de cabeça dói menos que a dor na alma. E mesmo assim, doem na medida programada, do modo que eu já sabia que ia doer.
A verdade é que a cabeça, o corpo, o coração e a alma já vêm trabalhando nisso faz tempo. A infraestrutura já estava preparada para um abalo sísmico.
Os danos estão dentro do que foi previsto.

É claro que neste processo, o coração é sempre quem reluta mais em aceitar as consequências. Mas uma hora ele para e analisa, e aceita, e se cura.
O sorriso amarelo já está preparado. Ensaiando sua melhor pose pra entrar em cena. Mas os olhos... Ah, os olhos...

Esses dois nunca colaboram. A luz que brilhava no fundo apagou. São opacos agora. E mesmo assim, só de olhar se pode enxergar toda a verdade neles.

Porque dói. Apesar de não ser surpresa, dói.
Apesar de estar preparado, dói.
Apesar da anestesia, dói.

Mas as lágrimas vão rolar porque é preciso esvaziar o coração para abrir espaço.
Os olhos vão encher-se d'água para ficarem limpos e poderem enxergar melhor.
As memórias... Pra essas não existe borracha, mas existe um arquivo, que uma hora será trancado lá no fundo, num lugar quase inacessível.
As noites de sono um dia vão voltar.
Pode parecer frieza, mas eu sei que não é.
É apenas o inevitável cumprindo seu papel. E eu apenas não tenho mais medo dele.
Depois de me lavar com minhas lágrimas, tudo de ruim se vai, e a primavera em mim voltará a florescer.



Tentei terminar o post com este vídeo, mas não carregou, então vai o link mesmo!!!


quarta-feira, 23 de maio de 2012

TODOS OS MEUS "VOCÊS"

Os primeiros raios da manhã invadem a janela, mas eu não consigo dormir. Pensamentos me consomem, reviro na cama de um lado a outro e nenhum método é eficiente para fazer a minha mente se desligar.
Não sei ao certo o porquê de tanta inquietação. Só sei que não paro de pensar em você, e também em você e você e em tantos outros vocês que fazem parte de mim. Que povoam minha mente e reviram meu coração. E que me tiram o sossego, o sono, a paz.
Você, que eu tanto quis. que tanto sonhei e idealizei. Te fiz a descrição mais perfeita, te encaixei em todos os meus moldes. Te dei minha alma e meu coração num piscar de olhos, sem que ao menos precisasse fazer algum esforço. Me apaixonei e sonhei noites a fio até perceber que não era pra ser. Até te ver indo embora, sendo levado em outra direção. Até meu coração ser feito em pedaços. Levou tempo até eu achar que ele estava refeito. Tempo esse que não adiantou nada, pois aqui está você, povoando meu pensamento, participando da minha insônia.
Você, que apareceu na hora oportuna. Sem roubar meu coração, colocou tudo de volta em seu lugar. Direta ou indiretamente fez-me enxergar além do espelho. Despertou-me para meus desejos, fez-me de menina à mulher. Divertiu-me. Salvou-me. Mudou-me. E olha só você aqui, no meio da minha noite em claro, provocando a saudade daquilo que já não pode mais ser. De tempos, momentos, sensações, desejos e do estado de espírito livre, indomável e ligeiramente inconsequente que já não me pertence.
E o que dizer de você, criança que brinca sem saber o tamanho do perigo? Chega matreiro... Inocente? Não sei. Envolve, seduz, se acerca e foge. Deixa no ar esse "q" de querer, mas a certeza... Essa não aparece. E fico envolta nas tuas brincadeiras sabendo que é um erro, sabendo que devo fugir... E no entanto, não fujo. Não sei, não consigo. Te quero por perto, mesmo sabendo que se o vento mudar, você vai embora com ele. Idiota que sou! E ainda perco o sono por você!
E ainda tem você, com ares de amor da minha vida. A história mais linda, meu conto de fadas. A saudade atormenta, a distância enlouquece e o encontro compensa. faz tudo sumir. Mas você também some. Some e tua ausência me consome. Teu vazio nada preenche. Teu silêncio nada aplaca. Tua indecisão me afasta. E por mais que meu coração te guarde... Lá se vai meu sono também com você.
Aí chega você. E eu simplesmente não sei o que fazer. A vontade existe, mas meu medo é maior. Não sei me dar se não for de coração, mas não posso dar meu coração pois a última quebra ainda é recente, a cola mal secou. Mas você não desiste e eu não posso te machucar, mas sei que também posso acabar me machucando... E assim, não durmo.
Os pássaros cantam lá fora, anunciando o amanhecer. Não fechei os olhos por um minuto, pois vocês não me deixaram. O corpo está cansado, mas a mente não desliga. Preciso dormir, mas o sono me parece algo tão distante...
Tudo o que eu queria era saber o que fazer. Ter clareza para pensar, ter coragem para agir. Se soubesse qual caminho percorrer, talvez eu pudesse enfim, deitar à noite e adormecer.

ONDE IR (VANESSA DA MATA)

Eu não sei o que vi aqui
Eu não sei pra onde ir
Eu não sei porque moro ali
Eu não sei porque estou
Eu não sei pra onde a gente vai
Andando pelo mundo
Eu não sei pra onde o mundo vai
Nesse breu vou sem rumo...
Só sei que o mundo vai de lá pra cá
Andando por ali, por acolá
Querendo ver o sol que não chega
Querendo tem alguém que não vem...

sábado, 19 de maio de 2012

AFF... ME DEIXA!!!


Cada vez mais me pego pensando que nasci na época errada. Que não me encaixo em nenhum lugar. Vai ver eu nem nasci neste planeta, porque a cada dia que passa, mais eu me sinto um ET. Ou eu nasci com uma alma idosa, com idade demais para se dar ao luxo de agir imprudentemente.
Ah sei lá, só sei que me sinto desencaixada. Avulsa. Ímpar. Não consigo entender quem demonstra uma coisa e faz outra. não consigo entender porque esse frenesi, essa coceira, essa vontade louca de quererem que eu seja uma coisa que eu não sou. Não entendo essa ânsia de ter para ser e poder aparecer.
Não sei porque no meio disso tudo me sinto tão angustiada. Olho, olho e não consigo acreditar. Não consigo aceitar certas coisas. Injustiças. Gente que se acha dona da verdade. Hipocrisia. Preconceito. Inveja. É tanta coisa que me cansa!
Quero ler meus livros, ouvir minhas músicas, escrever minhas poesias e tomar o meu refri. Antiquada? Ultrapassada? Careta? E daí? Por que minha vida incomoda tanto? Cada um já não tem a sua pra viver? Aff gente, me deixa!!!
Parem de fingir ser quem não são. Não se faça de santa, porque você não é. Não se faz de amiga pra dar rasteira na primeira chance que tiver. Vai pedir colinho e cafuné pra tua namorada. Pare de tentar me transformar num espetáculo. Eu sei brilhar do meu próprio jeito. Não sou seu estepe, então não me trate como se eu fosse. Assuma as consequências dos seus atos e não tente maquiar ou disfarçar com outras desculpas. Pare de tentar ser eu, porque você não vai chegar nem perto.
Me deixa viver minha vida única, diferente e, ao seu ver, antissocial. Só deixo perto de mim quem vale a pena, só vivo o que quero viver, só faço o quero fazer e no fim das contas, minha consciência limpa a cada amanhecer.

Seja feliz do jeito que você é. Não mude sua rotina pelo que os outros exigem de você.
Simplesmente viva de acordo com seu modo de vida.
(Bob Marley)