quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

A ÚLTIMA PÁGINA


Eu não sei porque isso me angustia tanto. Não sei porque me causa inquietação e me rouba o sono. E me faz pensar e pensar, ruminar e ruminar, remoendo mil vezes a mesma situação. Essa ideia fixa me perturba, me atormenta e eu não durmo, porque você não deixa.
Cada vez que fecho os olhos começo a reler as palavras deste livro que tem milhares e milhares de páginas que eu já li e reli, mas nunca cheguei ao final.
A última página deve ter sido arrancada e jogada ao vento e agora fica voando por aí sem nunca chegar às nossas mãos.
Por falta da última página sempre volto à primeira e revivo instantes já vividos, que nunca conseguem ultrapassar a barreira imposta pelas várias vírgulas que antecedem o último ponto final. Se surge alguma coisa nova, é apenas uma palavra ou letra, vários pontos de interrogação que ficam sempre sem respostas.
E isso me corrói, me alucina, me perturba. Desperta meu ciúme, minha possessividade, meu desejo - o qual me faz me entregar completamente - para em seguida remoer, me enciumar, querer te ter, te desejar e viver neste eterno círculo vicioso.
Então quem olha de fora - juntamente com a parte racional que existe em mim - consegue ver a solução óbvia para este dilema: é só encontrar a última página e finalmente ler o que está escrito nela.
Existem, no entanto, dois extremos com relação a isso: MEDO e VONTADE.
A vontade de saber o que a última página nos reserva é enorme. Saber o final poderia acabar com esses tormentos, com esses sentimentos que não me pertencem, que eu não devo sentir. E esse é um livro cujo final particularmente muito me interessa.
Mas o medo entra justamente aí nesta palavra: FINAL.
Tenho medo de ler e não encontrar nosso "Felizes para Sempre" escrito lá. Tenho medo de estar sozinha na última página. Tenho medo de não encontrar seu nome junto ao meu lá no final.
Pensar em seguir por um caminho onde você não esteja presente, ainda que por breves instantes, mesmo depois de tanto tempo, ainda é difícil pra mim. Pensar que possa existir outro caminho para você, que nos deixe ainda mais distantes, não me parece o sonhado final feliz. Então arranquei e escondi a última página do nosso livro e fico revivendo as páginas passadas porque me acostumei com esse círculo vicioso e não sei se estou preparada para viver uma história sem você.


A História se Repete 
(Semifuse)


Mais um dia que termina assim
A mesma história pensando que era o fim


Qual é o rumo? Eu não sei a direção
O sol se foi mais uma vez e me perdi na escuridão


Não vejo saída e nem caminhos a seguir
O mundo está fechado, o meu limite é aqui
Cansado de derrotas, eu não sei o que acontece
No fim é sempre igual, a história se repete


Não há nada que eu possa mudar(...)
Qual é o preço da liberdade?



domingo, 18 de dezembro de 2011

A DUPLA DINÂMICA

Ei! Onde você vai com os pedaços que roubou de mim? Tá pensando que vai sair de fininho sem ninguém perceber e deixar a bomba explodir na minha mão? Eu sei o que você fez!!! Não adianta fingir que não. Tá se sentindo encurralada? Óbvio, depois de tudo o que você fez.
Cadê toda aquela pose da qual tanto se orgulhava? Caiu tudo por terra, não? Por mais que por fora ainda ostente aquela linda imagem de imaculada perfeição, a gente bem sabe que já não é mais assim. Mesmo que você finja o tempo todo e ignore, isso não vai fazer a verdade sumir.
Coisas te corroem não é mesmo? Essa culpa pendurada nas suas costas deve pesar bastante. Parece, já que você anda curvada. Se você não consegue viver desse jeito, por que teima em tentar? Eu não te entendo.
Vive apregoando a liberdade aos 4 ventos e na hora de ser livre, não sabe como agir, porque já se acostumou com as regalias de sua gaiola confortável. tanto se acostumou com seu espaço restrito, que desaprendeu a voar.
Ei,não vai embora não! Eu ainda tô aqui. Se eu não estivesse, talvez sua pregação de liberdade pudesse ser mais plena. Eu tô aqui dando bronca, afinal, esse é um dos meus propósitos. Então a culpa que você carrega, vem em parte, de mim. Somos duas e somos uma só. E dentro de cada uma temos mais um milhão. Por isso somos tão perdidas.
Somos livres e nunca esteve mais claro o porquê de não estarmos com alguém. A nossa liberdade é o que nos prende - sábias palavras de Jota Quest. Podemos fazer delas a nossa verdade. Não há nada neste mundo que nos faça abrir mão de fazer o que der na telha, de ter o direito de dizer que amamos todo mundo - porque a gente ama mesmo!!! - de usarmos a roupa que quisermos, ir aonde quisermos e com quem quisermos, abraçar todas as causas e gostar do que e de quem quer que seja sem ter que dar satisfação a ninguém. Adoramos ser donas de nossas vidas. Embora você ainda guarde aí dentro a sombra do doce sonho da espera pelo lindo Príncipe Encantado que vai chegar em seu cavalo branco e salvá-la deste mundo cruel. É, eu sei, eu vejo. Mas não vou entrar neste ponto já que a gente nunca concorda sobre ele.
Somos rebeldes, lutamos pelos nossos amigos com unhas e dentes, e sentimos falta deles em momentos difíceis, em meio aos desentendimentos malucos - e olha que este ano não foram poucos - e você fica aí chorando, enquanto eu tenho vontade de revidar e mandar tudo pelos ares. Mas aí você me convence do contrário. Você vence essa batalha e juntas, vencemos a guerra.
E agora vem essa, sua hora de viver, de sentir intensamente, de se libertar, a hora em que finalmente eu ganho de você, e você simplesmente acha que pode voltar atrás e ficar se culpando por uma decisão que eu tomei? Qual é? Acorda!!!
Estamos juntas nessa!!! Há momentos em que eu ganho, mas na maioria das vezes é você!!! E desse jeito a gente sempre conseguiu vencer as contrariedades! O que aconteceu de diferente dessa vez, que tá te fazendo querer desistir? Sinceramente Emoção, eu não te entendo!!! E olha que o meu nome é Razão!!!
As coisas parecem não fazer o menor sentido ás vezes, mas é por isso que temos que ficar juntas. Sozinhas não sabemos de nada. Eu guio a cabeça e você o coração. Então volta, porque só assim nós conseguimos manter a Juliana em equilíbrio!!!
Nós vencemos tudo juntas até agora, e para ser completa, eu preciso de você. Então pega minha mão que eu te puxo de volta.


AQUI - Capital Inicial


Às vezes acho que eu fiquei louco
Me dando conselhos até ficar rouco
Às vezes acho que perdi a memória
Contando de novo a mesma história


Aqui onde as horas não passam
Aqui onde o Sol não me vê
Aqui onde eu não moro
Não existo sem você


Me olho no espelho e me vejo do avesso
O mesmo rosto que eu não reconheço
O rádio ligado, chuva e calor
As gotas me ferem, mas não sinto dor


Aqui onde as horas não passam
Aqui onde o Sol não me vê
Aqui onde eu não moro
Não existo sem você.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

ESTRANHEZA


Pelo jeito vai demorar para você perceber que o que você está fazendo machuca. Você tá levando tudo pelo lado errado e eu nem ao menos sei que crime cometi para estar sendo condenada deste jeito.
O que você não pode ver é que dói ver você agindo desse jeito. Será que esqueceu que eu passei anos sem ter com quem conversar e só tinha você, por cartas, e suas cartas eram o único motivo que me fazia ter vontade de levantar da cama? Não, mas você não lembra disso. Pelo menos, parece que não.
Não é possível que você não enxergue que não existe comparação entre as duas coisas que você quer comparar. Você sabe de tudo e não é possível que você não perceba o quanto eu fiquei mais feliz desde que ele apareceu. Não tem como você não ter percebido que os sorrisos voltaram a estampar o meu rosto, que a alegria voltou a povoar minhas frases e que no lugar do desânimo habitual, eu passei a ter coisas engraçadas para te contar.
Agora me diz: eu tenho que me sentir culpada por isso? Você queria o quê, exatamente? Que eu ficasse aqui sozinha, pra sempre, sem falar com ninguém, esperando a hora que você se lembrasse que precisa de mim e viesse me chamar?
Será possível que eu vou ter que fazer o seu jogo e te cobrar por cada segundo em que eu me senti sozinha e você não estava ali porque tinha outras coisas pra se preocupar? E como eu fiquei triste por causa de alguém e você não me amparou, porque tinha outro assunto em mente? Dos momentos em que me senti sim, abandonada, durante 3 certos anos, quando outra pessoa era o ar que você respirava e estava aí ocupando todos os espaços na sua cabeça e no seu coração, inclusive o meu lugar?
Eu poderia fazer uma lista enorme de momentos assim. Eu poderia contar cada cena de ciúme que eu tive vontade de fazer. Sim!!! Porque por incrível que pareça, eu sinto ciúme também, quando vejo fotos felizes nas quais eu não estou presente. Quando vejo frases, músicas, vídeos ou comentários compartilhados com outras pessoas que estão neste momento, muito mais próximas de você do que eu. E eu poderia me rebelar e escrever ironias e sarcasmos sobre você e essas pessoas. Mas eu não vou fazer isso e sabe por quê? Porque isso pode te machucar, da mesma forma ou até mais do que você tá me machucando. E eu não quero que você sinta essa coisa ruim que eu estou sentindo. Porque de todas as pessoas no mundo, você é a que tem o maior poder de me machucar, já que ocupa sozinha, metade do meu coração. E eu não quero fazer isso com você.
Não tenho culpa se a vida nos colocou distantes, mas se odiei cada minuto do dia que me mudei até agora - principalmente agora - foi porque isso me faria ficar longe de você, acima de todas as outras coisas que perdi por não estar mais aí.
Mas eu não vou me culpar por ter alguém que me faz feliz. Não vou medir minhas palavras e não vou parar de fazer nada do que eu estava fazendo e sabe por quê? Porque eu nunca deixei de fazer nada por você quando me criticaram dizendo que eu fazia demais. Porque é assim que eu sou com TODOS os meus amigos e você duvidar disso machuca mais do que você possa imaginar.
Não quero mais que essa estranheza entre nós continue. Já pedi desculpas, já falei, já escrevi e espero que este texto deixe bem claro que isso já está indo longe demais.
Se te magoei, desculpe.
Se te ofendi, desculpe.
Suas palavras me magoaram, sua dúvida e desconfiança feriram o meu coração, mas esse silêncio tá machucando muito mais.
Só te peço que não demore demais pra perceber e pare com isso. Eu não quero me acostumar com esse silêncio. Não tem lugar pra um rombo desse tamanho dentro do meu coração.

Se te machuquei amor
Perdoa
Não sentir o teu calor
Magoa
Volta e vamos ficar
Na boa
Nunca mais vamos brigar
À toa
(Lecy Brandão - Perdoa)