segunda-feira, 15 de setembro de 2014

The Great Pretender




Ele finge que não se importa. E do alto de sua pose de superioridade, finge que algo assim, não está na sua lista prioritária. 

Ele vê a felicidade ao seu redor e estampa na face um falo sorriso, dizendo que a dele, não se encontra no mesmo lugar.
Ele posa de bem resolvido, de inatingível, vivendo como se uma coisa assim tão "mundana", não fosse capaz de lhe atingir.
Ele diz que sua felicidade se encontra em sua liberdade, num pote de brigadeiro, no "não ter que dar satisfação de sua vida" para ninguém.
Ele vive como se não se importasse.
Mas quando chega a noite, e ele não precisa mais fingir, seu travesseiro sente o peso de cada lágrima recolhida durante o dia. 
Ele se importa sim. Se faz de superior, porque tem medo de demonstrar tanta fraqueza. Sabe que este é o primeiro e mais desejado item de sua lista, mas finge que ele não está lá.
A felicidade espalhada ao seu redor, remexe no mais íntimo de sua alma, pois ele não consegue entender, porque todos tem direito a essa alegria e não ele?
Ele diz que não. mas tudo que ele queria era estar naquelas fotos. Estampar o mundo com imagens de sua própria alegria, esparramar seus momentos de felicidade, colorir o mundo com seu sorriso mais satisfeito.
Tudo que ele queria era alguém para fazer careta do lado, andar de mão dada e dizer aquele boa noite sussurrado  ao pé do ouvido...
Tudo que ele queria era você, que ele nem sequer imagina onde possa estar.
Será que tá mesmo tão difícil de enxergar alguém como ele dando sopa por aí?


Autopsicografia 
                                   
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.