terça-feira, 19 de agosto de 2014

Há Algo de Podre na Reino da Perfeição

Fonte da Imagem: Wordpress - A Vida e o Universo


O mar seguia calmo. Tudo azul, sem mesmo uma onda mais forte que indicasse alguma agitação. Ela seguia seus dias, na ilha distante, sem saber notícias do continente. Aquele tempo tinha ficado para trás e ela estava certa de que não fazia mais parte daquela vida. Uma vida de comercial de margarina, era o que via quem olhava de longe. Pessoas lindas, vivendo uma vida linda. Um lindo dia de sol, sem nenhuma nuvem que atrapalhasse a visão de um lindo céu azul.
Na ilha, tudo seguia seu curso. Ela continuava a viver, pensando no continente como parte de um passado distante, que não lhe pertencia mais.
Mas naquele dia, caminhando pela praia, encontrou uma garrafa flutuando no mar. Aquilo realmente fugia de sua rotina. A garrafa trazia uma mensagem. E qual não foi sua surpresa ao ver que a mensagem vinha do continente! Mal podia acreditar, que depois de tanto tempo vivendo sua vida sossegada, as sobras do que ela tinha deixado para trás, pudessem vir a incomodá-la.
Ela ficou indignada. Depois riu. Depois leu a mensagem de novo. Depois ficou com pena. Depois percebeu que o comercial de margarina não era tão bonito assim. E foi aí que se formou uma nuvem. Que ela descobriu que podia produzir. Ela sempre teve o poder de saber tudo o que queria. Tudo. Sempre. Todas as respostas chegavam a suas mãos, de um jeito ou de outro. Mas ela tinha esquecido. Ela nunca acreditava. E mais uma vez, seu poder se provou. Da nuvem que ela produziu, gotejou uma chuva fina, que está caindo sobre o continente. Borrando o quadro perfeito. Embaçando o comercial de margarina.
A nuvem AINDA é pequena. A chuva AINDA é fina. Mas isso bastou para ela saber que pode produzir TEMPESTADE. Que pode virar FURACÃO.
Ela está sossegada em sua ilha. E pretende continuar desse jeito. Que não seja encontrada mais nenhuma garrafa vinda do continente nas ondas de seu mar. Porque ela não gosta de poluição.


Se eu quiser fumar eu fumo
Se eu quiser beber eu bebo
Eu pago tudo que consumo
Com o suor do meu emprego
Confusão eu não arrumo
Mas também não peço arrego
Eu um dia me aprumo
Eu tenho fé no meu apego.


Eu estou descontraído
Não que eu tivesse bebido
Nem que eu tivesse fumado
Pra falar da vida alheia
Mas digo sinceramente
Na vida a coisa mais feia
É gente que vive chorando de barriga cheia
É gente que vive chorando de barriga cheia
É gente que vive chorando de barriga cheia


(Maneiras - Arlindo Cruz)

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